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Caminhoneiros contam com a fé no combate à pandemia
16/07/2020 00:08 em Novidades

“Tem que ter fé, se não a gente fica em casa. Se botar na ponta do lápis os riscos de ser caminhoneiro, não tinha caminhão na estrada”, crava Célio dos Anjos, 50. Com um caminhão-tanque, ele tem rodado em meio à pandemia do novo coronavírus transportando insumos para produção de asfalto, sobretudo o CM-30. As cargas transportadas por ele, geralmente, são encomendadas por empresas que prestam serviços ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), e, nos seus mais de 25 anos na estrada, poucas vezes viu um momento tão difícil quanto o atual. 

 

Célio e a família têm residência em Valparaíso de Goiás, e foi justamente por lá que a covid-19 entrou no Entorno de Brasília, em 24 de março, exatos 20 dias após a primeira confirmação da doença no Distrito Federal. Com 969 casos confirmados e 26 mortes, segundo a plataforma Salvando Todos, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), é a terceira no ranking das 20 cidades da microrregião, atrás apenas de Luziânia (1073 casos), e Águas Lindas (987 infectados); os óbitos em Valparaíso, porém, alcançam a vice-liderança, atrás apenas dos 37 falecimentos de Águas Lindas. A taxa de letalidade nos dois núcleos urbanos chegam a 2,7% e 3,7%, respectivamente.

 

Como não fica muito tempo longe de casa, “quatro ou cinco dias; no máximo uma semana”, conforme disse, a preocupação ao voltar ao abraço familiar é recorrente. “Eu não uso o chinelo que usei na estrada, e vou direto para o banho quando chego”, relata Célio. “Está todo mundo se cuidando. Não vou dizer que não tem medo, porque tem. É uma doença séria”, confessa o motorista. Na cabine do caminhão, álcool em gel e máscara são acessórios obrigatórios. Carona, nem pensar. Tudo para evitar um contaminação que colocaria em risco não só a família, mas o sustento do núcleo parental. Cuidados que têm de ser tomados individualmente, já que as ações do Estado “são raras”. 

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