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Transporte coletivo e coleta de lixo somente sob escolta no Ceará
11/01/2019 08:52 em Novidades

Passada mais de uma semana desde o início da onda de violência por parte do crime organizado, o Ceará enfrentava ontem dificuldades com o transporte coletivo e a coleta de lixo, especialmente em Fortaleza, em meio a repetidos atentados contra prédios públicos e vias de transporte. A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social contabilizava ao menos 277 prisões, incluindo a apreensão de menores, e mais de 180 ataques registrados em 43 municípios do estado. De madrugada, a explosão de uma bomba abriu um buraco no viaduto do metrô da capital, em Porangaba. Na cidade de Forquilha, um ônibus e cinco carros foram incendiados.

 

Com apoio de cerca de 400 agentes da Força Nacional de Segurança, a polícia estadual manteve presença reforçada na região metropolitana de Fortaleza, escoltando coletivos e caminhões de coleta de lixo — um dos serviços públicos mais afetados pela crise. Helicópteros da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer) da SSPDS dão apoio às ações, que permitiram reduzir a indicência dos ataques — na quarta-feira, o balanço oficial para o dia foi de 11 ações. O transporte público, no entanto, continuava circulando irregularmente, sujeito a reduções de frota.

 

A série de ataques é atribuída a facções criminosas como o Comando Vermelho (CV) e os Guardiões do Estado (GDE). O motivo seria o anúncio do novo secretário de Administração Penitenciária, Luís Mauro Albuquerque, que prometeu endurecer as regras no sistema prisional. Na quarta-feira, 21 presos foram transferidos para a Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. O Ministério da Justiça e Segurança Pública disponibilizou 60 vagas para detentos do Ceará nas prisões de segurança máxima administradas pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen).

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Pelas redes sociais, o governador Camilo Santana (PT) afirmou que houve redução significativa das ações criminosas na capital e interior. “O trabalho das nossas forças de segurança, com o importante apoio das tropas federais e de estados parceiros, tem sido intenso e permanente, o que merece todo o nosso reconhecimento”, disse. “Nossa prioridade tem sido garantir a segurança da população e a retomada normal de todos os serviços.”

 

Terrorismo

O conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Cássio Thyone, avalia que a ofensiva das facções é fruto da crise do sistema penitenciário, e aponta que é necessário um controle eficaz da área por parte do Estado. Além disso, ele defende uma discussão sobre o endurecimento das leis.

 

“Tivemos várias rebeliões em 2018. Neste ano, são os ataques. Não é uma novidade. Precisamos pensar na questão mais profunda do controle do Estado com relação ao sistema penitenciário. Até quando vamos ficar reféns?”, questiona Thyone. “Um cidadão sendo chantageado por uma ligação (telefônica) de dentro do presídio faz com que nos tornemos desprotegidos. O que o criminoso precisa fazer para que esses ataques sejam classificados como terroristas? Poderia ou não ser enquadrado em algo mais grave do que vandalismo? É preciso ter uma discussão nesse sentido”, sustenta.

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