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Placas do Mercosul serão obrigatórias e Motoristas já preveem gastos adicionais
06/11/2018 08:38 em Tecnologia

Sempre que chega à loja de emplacamentos onde trabalha há 35 anos, na Avenida Antônio Carlos Magalhães, Edson Lima, 55, checa o portal do Departamento Estadual de Trânsito da Bahia (Detran). Nunca encontra o que busca: informações sobre quais serão os custos adicionais com a nova placa Mercosul, obrigatória para todos os veículos do estado a partir do dia 1º de dezembro. “Hoje mesmo olhei e não achei nada”, diz o proprietário do negócio, ao apontar a página aberta do site no computador. Os comerciantes, despachantes e estampadores de placas acreditam num acréscimo de, pelo menos, R$ 40 no preço final do produto.

 

 

 

A troca será obrigatória, primeiramente, para veículos novos e em caso de troca de domicílio de registro. O Rio de Janeiro, primeiro estado a adotar o novo modelo, enfrenta problemas, como impossibilidade de usar aplicativos de estacionamento com a nova placa e impedimento de que esses carros sejam multados por órgãos de trânsito.

 

Enquanto isso, na Bahia, a dúvida começa pelo básico: como fazer. O que se sabe é que algumas características diferenciam a nova da placa atual, cujo preço médio é de R$ 215: a cor mudará de cinza para branco e azul, haverá quatro letras e três números, e um QR CODE e uma marca d’água serão usadas para dificultar falsificação. Não que seja contra às mudanças, muito pelo contrário. Na verdade, Edson, acompanhado por outros comerciantes, reclamam apenas da ausência de informações. 

 

“A gente até entrou em contato com o Sindicato dos Despachantes, mas até agora não sabemos como isso vai acontecer mesmo. Eu até acho que isso vai aumentar o fluxo de clientes, porque muita gente vai precisar mudar a placa. A questão é só recebermos mais informações mesmo”.

 

Num escritório próximo ao de Edson, Firmino Jesus, 62, atende um cliente enquanto comenta a mudança prevista para o próximo mês. “Que o cliente vai ter mais custo, isso é claro. Até porque é uma placa mais detalhada, né?”, comentou sobre um possível aumento de preço. O técnico industrial Fernando Alberto, 61, o atendido da vez, seguiu o despachante, profissional que intermedeia o contato entre o motorista e o Detran. A placa de sua carreta foi roubada, neste domingo (4), e ele precisou solicitar um novo emplacamento. 

 

 

                                                               O técnico Fernando Alberto sobre troca de placa: 'Deveria ser o mesmo preço'

Se fosse em dezembro, acredita, o custo seria ainda maior do que os mais de R$ 200 planejados na troca. 

 

“Eu acho o seguinte: deveria ser o mesmo preço. Quer dizer, olhe as condições dos moradores, as pessoas não conseguem arcar com um aumento”.

 

O Detran, no entanto, contra-argumenta a tese da elevação de preços. “Toda mudança gera desconforto. Desde que estou aqui, há um ano e dois meses, falava-se em placa Mercosul e ninguém acreditava”, afirmou o coordenador do setor de placas do Detran, Matheus Braga. Ele diz, inclusive, que o órgão não pode interferir nos preços praticados, somente os próprios fabricantes. "Porém, estima-se que seja o mesmo praticado atualmente”, frisa. 

 

Não há média de quantos veículos trocarão as placas. Afinal, depende da quantidade de carros comprados no período e do fluxo de veículos entre cidades. O Detran calculou, a pedido do CORREIO, uma estimativa de 30 mil serviços de emplacamento mensais na Bahia. Inicialmente, no entanto, a intenção do órgão de trânsito era de que todos os veículos fossem emplacados até o final do dia 31 de dezembro de 2023. 

 

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